Capítulo 7: Aprendiz

As nossas principais ocupações no mundo espiritual são relacionadas com o auxílio aos sofredores, mas, quando não estamos a fazê-lo, podemos dedicar-nos a actividades lúdicas, tais como: leitura, sempre de livros edificantes, passeios na natureza, assistir aos concertos de música e cânticos e teatro. Muitas vezes visitamos amigos e familiares, e visitamos também outras cidades vizinhas e postos de socorro.
A nossa cidade é muito grande. Ela situa-se junto de Leiria, mais acima, tendo uma estrada de ligação por onde nós passamos sempre que precisamos. Há nessa estrada, protegida pelos espíritos vigilantes, forças poderosas que nos facilitam a deslocação. Essas forças são provenientes do Céu, derramando-se sobre todos os viajantes que a utilizam para fins benéficos. Nenhum espírito mal intencionado pode utilizá-la, sendo-lhes vedado o acesso; em caso de necessidade, são-lhes desferidas descargas eléctricas para os assustar, levando-os a fugirem dali.
Os Servos de Jesus passam sem dificuldade; eu, aprendiz, passo receoso. Tudo aquilo que é preciso para passarmos em segurança é Fé em Deus, confiança na Sua protecção e tranquilidade íntima.
Durante o percurso, vemos entidades perturbadas, em bandos; ao vê-las, eu pergunto-me as razões pelas quais esses espíritos negam a Jesus. Tudo aquilo que lhes falta é pedirem auxílio, humildemente, reconhecendo que erraram, para receberem esse auxílio dos Servos de Jesus. Deus perdoa-lhes, Jesus perdoa-lhes, precisando eles apenas de se perdoarem e perdoarem a quem os fez sofrer.
Isso leva tempo...
Sempre que os Servos de Jesus lá passam, são solicitados pelos sofredores. Se algum estiver arrependido, é libertado e levado para o hospital.
Vemos tantos espíritos em sofrimento! Tantos espíritos perturbados e animalizados! Tantos espíritos reduzidos à mais repugnante figura: muitos parecem autênticos bichos... Ao vê-los, nós sofremos, porque temos consciência de que aquela miséria era evitável.
Deus permite que eles sofram as consequências das suas acções, mas, por acréscimo de misericórdia, dá-lhes oportunidades de redenção. Alguns aproveitam-nas, outras desprezam-nas. Estes últimos sofrem mais, e durante mais tempo - mas não eternamente - até se cansarem de perseguir fantasias e se renderem ao amor de Deus. Todos acabarão por se render.
Às vezes nós somos confrontados com espíritos nossos conhecidos. Vendo-os naquela situação, tentamos auxiliá-los, mas, estando muito revoltados, não se encontram em condições de serem resgatados.
O Nicolau está a fundar um posto de socorro no Alqueidão. Precisando muito de colaboradores, eu voluntariei-me para o ajudar. Estou a fazê-lo. Na Dominus Voviscum, nome que ele deu ao posto, recebemos sofredores e aquietamo-los, a fim de, futuramente, serem transferidos para o hospital da cidade.
Quando, no início da construção do posto de socorro, o Nicolau precisou de colaboradores, muitos espíritos que ele tinha resgatado vieram ajudá-lo, tendo muitos deles ficado no posto, aí trabalhando sempre no intuito de auxiliar.
Necessitando eu de iniciar-me, enfileirei juntamente com Nicolau, e estou feliz por servir sob a sua orientação. Doravante seguir-lhe-ei os conselhos, determinações e orientações, confiando nele, porque ele é servo de Jesus e trabalha sob a Sua égide.